domingo, 16 de março de 2014

A pressa é inimiga de perfeição

Na minha experiência profissional já vi tantas e tantas vezes a perda de tempo, o desperdício, os erros e prejuízos devido à falta de um simples planejamento.

Temos de montar um equipamento grande numa sala. Primeira pergunta, vamos montá-lo fora ou dentro da sala? E para entrar com o equipamento? Podemos? Quais os riscos? Numa das empresas que eu trabalhei criamos um plano de riscos para o processo de engenharia onde identificávamos os riscos (Risk Assessment), análise dos riscos (Risk Analyze) e a gestão dos riscos com ações mitigadoras (Risk Management) para que ou se minimize os riscos identificados ou os elimine. Com perguntas simples conseguimos nos prevenir de muitos problemas, retrabalhos, prejuízos. E o que se vê hoje?

Vemos profissionais que correm, correm e no fim não fazem nada, parecem cachorros que correm atrás do rabo. E o pior, vemos esses profissionais serem valorizados como se eles trabalhassem mais do que os outros. Eles fazem hora extra, vivem correndo pelos corredores, identificam facilmente os problemas, os divulgam por todos os outros como se mostrassem preocupação com a empresa, contudo ao divulgar não oferecem sugestões para eliminar o erro. E assim vão aparecendo como aqueles que fazem. Não fazem é nada, meçam resultados desses profissionais e verão que eles só contribuem para o estresse, para a cultura do apaga incêndios. Agora vejam o profissional que planeja. Que para e pensa, ele consegue identificar possíveis causas, aliás, ele já identifica os problemas, riscos, fazendo com que muitos desses problemas não surjam. Só que a direção vê um profissional lerdo, que demora para reagir, que não veste a camisa as empresa. Que burrice, o bom profissional pensa no futuro da empresa, não é bombeiro que só apaga incêndios, ele busca onde está o foco dos incêndios, ele é preventivo e já corta o possível princípio do incêndio. Enquanto isso, o outro está lá correndo pelos corredores fingindo que trabalha, até o faz, mas não consistentemente, não com foco na sustentabilidade da empresa. É aquele que gosta de jogar m...  no ventilador, mas dar solução que é bom, nada...

Estamos numa sociedade de consumismo, de agilidade nas comunicações, de integração mundial, de necessidade de respostas rápidas e esse profissional parece que se encaixa bem nesse perfil, aqueles que respondem rápido, que atendem logo o cliente.  Mas será que o cliente foi atendido em longo prazo ou apenas se enganou o mesmo e o problema vai aparecer novamente?

Planejamento é o principal foco de qualquer profissional, ter uma visão de riscos, saber prevenir as coisas. Vemos exemplo de “recalls” acontecendo, vemos tantas reclamações nos órgãos fiscalizadores, enfim vemos tanta insatisfação do mercado devido a profissionais que querem todos os ovos de ouro sem cuidar da galinha que os põe.

Senhores presidentes das empresas, cuidado quem vocês valorizam. O bombeiro, ou o segurança?

domingo, 9 de março de 2014

Ajuda do passado


Ontem a nostalgia me tomou. Tanto que de noite sonhei que estava lá na minha Luanda, Angola e me vi novamente na infância e adolescência, deu saudade. Mas como quem vive de passado é museu não fiquei triste não. Nunca me arrependo do passado ou sinto que nada valeu nada. Corri muito, andei de bicicleta pela cidade toda, jogava bola e no sonho vi a praça da nossa Rua Ferreira do Amaral onde eu sentava com os colegas brincando e jogando conversa fora. Ali aprendi a me defender, aprendi a sentir atração, aprendi a não entrar na droga, já naquela época havia um colega que usava maconha. Depois vi a primeira morte pela guerra ali mesmo. O passado não nos serve para sentirmos saudades, serve para nele voltarmos e entendermos o que cada coisa nos formou, nos moldou.

Quando cheguei ao Brasil com 13 anos estava traumatizado pela guerra civil, era um adolescente fechado, que havia perdido tudo, principalmente havia deixado para trás o seu cãopanheiro, um lindo e jovem pastor alemão, estávamos sem dinheiro para nós, quanto mais levar um cachorro para outro país.  Logo aqui conheci uma bela italiana que me fez sentir homem pela primeira vez, foi o meu primeiro beijo, primeiras fantasias, amor. Pelos destinos não deu certo, mas ainda mora no meu coração, um espírito que vai me acompanhar na jornada com certeza.

Fiz universidade, trabalhei como peão batendo marreta, cortando chapa, soldando, montei e desmontei motores. Mudei meu curso várias vezes em busca de aprendizagem e hoje vejo o quanto isso foi útil. Não parei no tempo. Alguns se admiram com a minha vida por aqui, quantas coisas, piloto, patinador, paraquedista, jogador de hóquei, futebol americano, guerrilheiro, gerente industrial, peão, dono de empresa de táxi aéreo, roubado por narcotraficantes, desemprego e tendo de vender as coisas no quintal, tive um AVC que me assustou, tive problemas graves de convívio com a minha mãe e a minha esposa, quantas coisas. Casado, divorciado, casado de novo à 19 anos, pelo menos posso dizer que aproveitei a vida ao máximo. Vejo pessoas fazendo o mesmo anos e anos e ao sentirem que o tempo por aqui está acabando se arrependem de não terem aproveitado. Cada vez que chegamos aqui temos a missão de evoluirmos, de aprendermos para ao irmos embora podermos melhorar a nossa posição nos degraus da nossa jornada eterna, ou vocês acham que esta vida curtinha é só?

Como aprendi a amar, a não dar importância a coisas bobas, a escutar e entender que os outros são irmãos e com os mesmos problemas e desejos que eu, buscando ajuda e ajudar como eu. Respeito, amor, entendimento, energia positiva, isto que aprendi com o meu passado e, às vezes, é bom voltar a ele para relembrar lições. E principalmente, passar adiante essas lições, ajudar os outros com as minhas experiências.

Às vezes me fecho no meu mundo, gosto de meditar, ficar sozinho, mas porque quero me sentir, pensar na minha jornada, me lembrar do que sou e porque eu estou aqui...