segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A falsa aparência

Era já o finalzinho da Primavera. Os agentes estavam no seu carro a caminho da delegacia num longo e animado bate-papo. Lá fora algumas árvores ainda teimavam em deixar cair as últimas folhas. Eles tinham acabado de fazer um recadastramento num bairro próximo, estava na moda. Recadastravam-se mendigos, estrangeiros, ou seja, todos aqueles fora dos padrões considerados normais. De repente....
-Arnold, dá uma olhada ali na praça – disse o agente George.
-Um mendigo, o que é que tem?
-E o que nós mais estamos fazendo nos últimos dias, não é o tal do recadastramento dos diferentes? Vamos aproveitar e tirar um “sarrinho”desse aí, uái. - respondeu o agente George.
-Deixa ele para lá cara.- retrucou o agente Arnold.
-Aquele terreno ali pertence aquela casarona ali. Soube que foi um cara importante que comprou e de repente vai sobrar coisa boa para nós. Estamos protegendo a sua propriedade e ainda vamos recadastrar mais um inútil.-disse George.
Finalmente convencido o agente Arnold, eles param o carro e descem. O homem, com o cabelo despenteado, a roupa suja e com vários rasgos carregava um saco e ao ver os homens se aproximarem sentou-se num banco de concreto que havia ali, ao lado de um anão de jardim e de uma estátua, que jorrava água em forma de chafariz. Sentou-se tranqüilamente e esperou.
Os agentes Arnold e o truculento George desceram do carro e, com uma postura de dois valentes soldados indo para o “Front” de batalha, se aproximaram.
-Você aí - disse George – tem documentos? Tem lugar para morar?
O mendigo levantou a cabeça lentamente, os olhou e respondeu calmamente:
-Estou fazendo algo ilegal? É proibido sentar aqui?
-Quem pergunta aqui somos nós - responde rispidamente o agente George.
-Calma colega. Sem essa.... – completa o agente Arnold. Ele então pergunta:
-Senhor, tem alguma documentação? Sabe, é que nós estamos fazendo um recadastramento de pessoas desocupadas, estrangeiros, etc e gostaríamos de aproveitar e recadastrá-lo, ok?
O mendigo leva a mão ao bolso de trás da surrada calça e tira uma bonita carteira de couro o que já aguça os olhos dos dois agentes. Quando o mendigo a abre e retira a indentidade, mostra o pacote de dinheiro dentro. Aí então, é que os olhos dos agentes se arregalam. Nem eles tinham assim tanto dinheiro.
-Péra aí o cara, onde arrumou essa carteira cheia de dinheiro? – pergunta quase gritando o agente George.
-É minha caro agente, porquê? – pergunta o mendigo.
-Calma George, o que você faz na vida para conseguir uma carteira dessas e esse dinheiro? – pergunta o agente Arnold.
-Trabalho com aviação. – responde o mendigo.
-Você é ajudante de mecânico de avião, é? E ganha tudo isso? – pergunta sarcasticamente o agente George. – Acho melhor o levarmos para a delegacia.
-Não é melhor, checarem primeiro os meus documentos? Sim trabalho na aviação, mas como dono de uma empresa de táxi-aéreo e faço palestras pelo mundo inteiro relativas à área, sou especialista em motores a reação.
Então o agente George caiu na gargalhada e disse:
-Esse cara além de inútil para a sociedade é doido.
O agente Arnold se aproximou e pegou os documentos e para sua surpresa realmente aquele homem era o que dizia ser o que deixou o George com cara de “bundão”.
-Pode explicar isto tudo senhor? – pergunta Arnold.
-Sou engenheiro, apresento palestras técnicas pelo mundo inteiro, recebo em dólares e tenho uma empresa com vários aviões e percebo que vocês não ganham nem um terço do que eu ganho, mas têm a soberba maior do que tudo o que eu ganho.
-Desculpe senhor, mas pelas suas roupas....– tenta argumentar o agente Arnold.
-Caro agente, por você eu até entenderia, mas o seu amigo aí vê as pessoas pela aparência e aí, vocês denotam o que vocês realmente são, leões de chácara a serviço de políticos que não imaginam o que é a vida, que só pensam nos seus bolsos. Agora eu vou pedir que saiam daqui, ou têm algum mandato de busca?
-Olha você já está abusando da minha paciência. – responde George – você está em área pública e não é porque tem dinheiro que vai destratar uma autoridade.
-Pois fique sabendo que aqui eu sou a autoridade. Esta praça faz parte do terreno daquele casarão que eu acabei de comprar e eu estava aqui arrumando o jardim e preparando o material para amanhã os pedreiros construírem o muro que separa essa praça da rua em que vocês passavam. Sempre fui um homem de pôr a mão na massa e por isso estou nestas condições de mendigo como vocês disseram. Agora vou pedir para vocês saírem antes que me irrite e os processe por invasão. Porque não vão procurar os verdadeiros bandidos?
O não mais mendigo se levanta tranqüilamente, sorri para o agente Arnold e com sarro se despede do agente George e some no meio do jardim descuidado e precisando de uma reforma.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

USP

Estou revoltado com o que vem acontecendo na USP. Quantos alunos se esforçam estudando para vestibular visando entrar nessa conceituada universidade e um punhado de vagabundos maconheiros jogam no lixo isso. Primeiro, a universidade não é uma embaixada de um país estrangeiro onde a polícia ou a lei brasileira não podem ter acesso. A lei vale lá e a polícia tem o direito e dever de lá entrar e fazer cumprir a lei. Desde quando fumar maconha é liberdade de expressão, ou ajuda a formar um indivíduo para fazer o futuro do Brasil? Já fui estudante num país que começava a entrar numa guerra civil e várias vezes enfrentei a polícia levando cacetada, jato de água, etc. Mas eram por objetivos e ideais para um país melhor e não para defender o direito de fumar maconha e não ter polícia me vigiando para puder fazer o que quiser. A polícia deve prender essa corja que só quer fazer arruaça, que ainda pensa que é comunista, quando o comunismo nem existe mais, até em Cuba está saindo de moda. E são estes o futuro do Brasil, hippies ultrapassados, fumadores de maconha que ficam ocupando vagas que deveriam estar com quem realmente quer ser alguém e não têm condições de pagar uma universidade particular. De repente alguns desses vagabundos são até filhinhos de papai metidos a revolucionários. Che Guevara já foi um dos meus ídolos, mas é passado. O mundo evolui e esses caras querem estar numa universidade apenas para fumar maconha ou ir para o barzinho tomar chopp em vez de irem para a aula e aprenderem a ser alguém útil. Estou revoltado e torcendo para que paguem bem caro o descumprimento da lei.

sábado, 5 de novembro de 2011

Reuniões, úteis ou não?

Engraçado que, ao subirmos na carreia e hierarquia das organizações, começamos a cada vez mais participarmos de reuniões e reclamarmos por isso. Dizemos que hoje não fazemos mais nada do que participarmos de reuniões. Quando começei na carreira como ajudante de caldeireiro/soldador a preocupação era executar a tarefa. Depois fui crescendo até ser gerente industrial e percebi que realmente a reunião, dependendo do nível hierárquico e responsabilidades adquiridas, torna-se fundamental. O funcionário executante se foca na tarefa e nos níveis de decisão, aí sim, a reunião torna-se muito importante. Uma organização e, melhor, um Sistema de Gestão, são formados por um conjunto de processos interligados como fornecedores e clientes internos. Para tomada de decisões devem estar frente a frente e não usarem e-mail. Este é comodo, mas ineficaz. Você como cliente, se tiver que reclamar de um fornecedor, seja um processo interno, seja uma loja, um prestador de serviço na sua casa, o que é melhor? Enviar um e-mail ou estar cara a cara com o mesmo? Acertos e ações serão muito mais eficazes. Pertencendo a uma organização precisamos planejar e fazê-lo em equipe, afinal somos um sistema de gestão. Com a reunião conseguimos juntar os gestores dos processos, alinhar conhecimento e objetivos, estar frente a frente com nossos clientes e fornecedores internos. A recomendação é fazer reuniões objetivas de no máximo uma hora para definir ações e não para resolver problemas. A reunião deve ser para:
-Juntar os envolvidos;
-Alinhar o conhecimento do problema ou assunto;
-Definir responsabilidades e prazos;
-Planejar ações, objetivos e metas.
Não reclame de reuniões de mais, já que você agora faz parte da administração. Se não quer mais participar de reuniões, pode voltar a ser funcionário executante.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Reflexão

Quando falamos de Motivação, gosto logo de desfazer o conceito de que o dinheiro é o fator único motivador das atitudes e atividades do homem. Aprendi aqui na TAM que não é nada disto que motiva as pessoas. O que motiva as pessoas é um procedimento correto, é uma causa justa, um objetivo definido. Estes 3 fatores são a chave para a Motivação. (Saudoso Cmte. Rolim da TAM).
Quantas vezes ganhamos bem e não estamos satisfeitos, não estamos motivados, felizes. Falta algo, objetivos, uma causa justa para lutarmos e vermos o quanto fomos uteis ao fazermos essa causa se realizar. Quantas vezes nos desmotivamos por ver as falhas repetidamente ocorrerem e nada acontece, sabemos das causas, sabemos como resolver e não podemos fazer nada, isto é desmotivante. Pior, quando existe procedimento dizendo como fazer o correto e nem lêem o mesmo e continuam sendo feitas as coisas erradamente. E porque tudo isso ocorre? Por falta de comprometimento de todos com o todo. Apenas focamos no nosso departamento, no nosso umbigo e não olhamos para a frente. Não pensamos na empresa, pensamos em nós, não pensamos na família, pensamos em nós, não pensamos no nosso paneta se acabando para os nossos descendentes poderem viver, pensamos em nós, no momento. O meu sobrinho vive dizendo que não interessa o amanhã, tem que curtir o agora, viver o presente. Se esquece que o futuro vai ser o presente dele um dia e poderá ser muito ruim para ele viver.

domingo, 23 de outubro de 2011

Eterno

Acredito em Deus sim, sou inclusive católico, rezo, vou à igreja e por isso não deixo de acreditar que Deus não nos criaria para nascermos, povoarmos este mundo, vivermos, nos reproduzirmos, aprendermos com o certo e o errado, para depois simplesmente morrermos e tudo ter sido em vão. Alguns falarão que o que agregamos de valor foi o amor que demos, ou o que ensinamos aos outros. Mas eles também morrerão. Por isso, mesmo sendo católico, acredito tanto no espiritismo. Porque um católico não pode ser espirita? Afinal das contas todas as religiões falam de irmos para algum lugar quando saímos daqui. Nenhuma delas diz que aqui é o fim. A diferença é para onde vamos ou por quanto tempo. A religião católica diz que ficamos lá aguardando o fim dos tempos. Aí que discordo, estamos sempre ou lá ou voltando aqui para aprendermos mais, ou para ensinarmos mais... Por isso somos eternos. Estamos aqui fazendo dividas e pagando outras feitas em outras vezes que por aqui já estivemos. Uma constante evolução. Aí sim, explicaria a razão de estarmos aqui. Cada vez que fazemos mal ou desejamos mal a alguém estamos criando uma dívida com esse alguém e, com certeza, estaremos aqui novamente na próxima vida cruzando com esse alguém, nos cobrando. À algum tempo, quando saltava assiduamente de paraquedas havia um colega de saltos que sempre arrumava briga comigo. Antipatia total e nem eu sabia da vida dele nem ele da minha. Não tínhamos relação alguma nem antes e nem atualmente, aliás, nunca mais o vi. Porque isso? Será que nos cruzamos nesta vida como em outras e já devíamos algo um ao outro? Porque depois de muitos sonhos eu entrei na Embraer e lá conheci um chefe que me fez a vida negra e hoje eu o vejo como parte do meu aprendizado? Era constantemente perseguido por ele até que me demitiu. O odiei muito, mas hoje eu até o admiro pelo que é e pelo que foi profissionalmente. Sempre amei a aviação, comprei um avião, montei com um sócio uma empresa de aviação e depois de algum tempo o meu avião foi roubado por traficantes e perdi tudo. Hoje quando vejo filmes de combates aéreos ou jogo em videogames batalhas aéreas, sinto que estive lá, é uma emoção inexplicável. Quem sabe esse meu ex-chefe da Embraer não era meu inimigo nas batalhas aéreas da primeira guerra mundial ou até um colega de esquadrão que eu fiz muito mal e precisei pagar a ele nesta vida. Talvez por isso tenhamos nos encontrado lidando ambos com aviões e eu nunca dei certo na aviação, apesar do amor por ela. Porque o meu irmão, hoje já desencarnado, amava tanto o mar, era engenheiro naval e nunca conseguiu ter um barquinho? Chegou a construir um iate veleiro e logo teve de vender para fugirmos do nosso país em guerra. Ela dizia que tinha trauma de usar gravata, detestava usar algo apertando o pescoço e como nunca conseguia ter um barco era porque talvez em outra vida tivesse sido pirata, roubando barcos dos outros e tendo sido enforcado. Quem sabe?

E por falar em outro país. O meu pai e a minha mãe foram para Angola, na África, ainda novinhos, por volta dos anos cinquenta. Lá na minha África eu e o meu irmão nascemos. A minha mãe viu negros sendo mal tratados e sempre os defendeu, até adotou um menino negro chamado Domingos. Tanto que na guerra da independência de Angola ela e o meu pai poderiam ter ficado lá, nada lhes aconteceria. Mas porque foram parar na África? E depois da guerra da independência, porque viemos para o Brasil em 1975? Não lembra a rota da escravidão? Uma vez num centro espírita, me foi comunicado que a minha mãe já havia sido um feitor de escravos em vidas passadas. Isto explicaria porque ainda hoje ela tem rompantes de petolante, de superior aos outros, mesmo sendo tão católica e rezando tanto. Explicaria porque o caminho África e Brasil e porque teve de viver tão perto dos negros, para pagar a sua dívida. E como ainda não aprendeu a amar a todos, a deixar de ter ódio e rogar pragas, é que ainda está por aqui com 86 anos. A vida continua dando chance de aprender até o momento que o espírito vai se cansar de não estar conseguindo evoluir e vai resolver partir. Cada vez que chegamos aqui e aproveitamos este pouco tempo para pagarmos nossas dívidas de outras vidas, cada vez que ajudamos os outros a evoluírem, também evoluímos e voltamos ao universo num nível melhor de espiritualidade. Lá ficamos analisando o que aprendemos, não existe tempo para isso e temos livre arbítrio para decidir se nós precisaremos voltar para novos aprendizados, pagar dívidas e nova evolução. E também escolhemos como voltaremos. Cada vez que estamos aqui e só fazemos bobagem, ou não aprendemos, não pagamos nossa dividas, perdemos a chance de evoluir. E quando evoluímos, qual o nosso caminho, o nosso futuro?
Chegamos cada vez mais perto de sermos mestres, aqueles espíritos tão evoluídos que não precisam mais voltar ou voltam para nos ensinar através dos seus exemplos. Poderemos nos lembrar de Madre Tereza de Calcutá, de Mahatma Ghandi, Chico Xavier, irmã Dulce, etc. e entenderemos o que escrevo. Vieram a este mundo para mostrar o amor, a paz e mesmo sofrendo, evoluíram, pagaram as suas dívidas ou, como espíritos evoluídos, se ofereceram para vir aqui fazerem o bem e serem exemplos. Aí podemos encaixar os santos e até Jesus. Alguns poderão dizer que estou blasfemando, mas não estou, pelo contrário, amo Jesus e todos os dias converso com ele. Não como filho de Deus, todos somos, mas como meu irmão e um espírito evoluidíssimo que aqui esteve para dar exemplo e ensinar como evoluirmos também. O nosso destino é evoluirmos ao ponto de sermos espíritos de luz e de estarmos perto desses espíritos como Jesus e até Deus. Se eu souber evoluir, ver os outros como espíritos iguais a mim, com dívidas e aqui tentando evoluir, saberei aproveitar este pequeno tempo que estou neste laboratório, ou melhor, escola de vida. E, um dia, eu estarei sentado à direita de Deus pai. O espirito criador, o mais evoluído.

Aliás, quem sabe Deus não seja o conjunto de todos os espíritos que formam o universo em diversos níveis de evolução, dos mais primitivos que ainda são capazes de tirar a vida de outros seres vivos até os espíritos evoluídos de outras galáxias e espíritos já em fase de luz e energia. É muita petulância nossa acharmos que somos únicos no universo, que somos os únicos agraciados com o dom de estarmos vivos. E é muita burrice acharmos que estamos aqui por este curto tempo, para nada, apenas para morrermos e virarmos pó. Amamos, sofremos, respiramos, nos comunicamos e nos relacionamos com os outros, aprendemos e ensinamos, damos vidas e tiramos vidas para nada? Tentemos entender o porquê das coisas que nos acontece, porque cruzamos com tantas vidas na nossa vida, tendo amores e dissabores, aprendendo com o sofrimento e, porque não, com as alegrias. Porque aquilo que tanto sonhamos, muitas vezes nós conseguimos e descobrimos que não nos fez bem, que só serviu para darmos valor ao que realmente tínhamos? O que aprendemos com isso? Deus não nos dá um peso maior do que possamos carregar, pois foi o peso por nós escolhido para aqui voltarmos a pagarmos algo. Sujeitamo-nos a passar por isto para evoluirmos e, por isso, a hora certa chegará para o peso ser aliviado. Aí partimos para analisarmos tudo e planejarmos a volta.
Não tenho medo de desencarnar e não fico triste pelos que partem como o meu irmão e o meu pai. Faz parte da rotina e estaremos de novo juntos, sempre voltamos uns perto dos outros, sempre com relações entre nós. Somos pais hoje, amanhã seremos irmãos, amantes, patrões ou empregados, etc. Tudo isto explica muitas vezes o porquê de uma criança na sua pureza nascer e morrer tão cedo. O que qualquer religião explicaria o motivo disto? E quando essa criança nasce em meio a um grande sofrimento e logo se vai? Por quê? Qual seria o seu pecado segundo as nossas religiões? Ou é um espírito de luz que pediu para vir aqui ensinar algo ou ajudar a alguém a pagar uma dívida feita anteriormente? Porque devemos respeitar qualquer tipo de vida? Porque quem tem um cachorro e o vê como um espirito consegue ter tanta paz e harmonia em casa como se fossem espíritos de luz, anjos enviados para ajudar-nos? Porque uma criança é tão pura? Talvez porque o espírito está ali com todas as lembranças apagadas, começando a viver novamente nos caminhos antes traçados para a sua evolução. Tantas coisas seriam mais bem explicadas e nos fizesse ser tão melhores se todos vissem por esse lado. Haveria mais respeito a vida, amor uns aos outros como Jesus pregou, haveria maior harmonia. Como nós evoluímos logo o planeta poderá passar por uma evolução. Talvez precise acontecer algo muito grave para que todos nós tenhamos que ir para outro lugar começar nova evolução, ou começarmos do zero com outra cabeça.

domingo, 9 de outubro de 2011

Novamente o cão panheiro









Mais umas fotos do cão panheiro. No carro saindo para ir a Santos visitar a família e já em Santos pronto para ir pegar um sol, rs,rs. Só quem tem um amigo de 4 patas para entender a amizade. Quando estamos para baixo ele vem com brinquedos pedir brincadeira, nos levantar. Recebe a gente ao chegar em casa com uma festa tremenda, um verdadeiro e fiel amigo.


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Zen, meu cão panheiro





















Oportunidades

Hoje passeava com o meu cãopanheiro e passamos em frente a um boteco aqui do bairro. Um bebado na porta pedia fogo ao dono do boteco e falavam sobre copa do mundo. Só escutei o dono do boteco dizer que não gostava de copa, que para ele não servia para nada, que não lhe dava nada. Como as pessoas só vêm o lado negativo da vida. Como deixam passar oportunidades de serem melhores no que fazem. Só sabem reclamar. Numa copa do mundo, mesmo sendo um botequinho chinfrin, sabendo aproveitar a oportunidade, vai poder lucrar um pouquinho mais, fazer um pouco mais de freguesia, nem que seja mais um bando de cachaceiros. Vais ser um botequinho mais lucrável. Pense em colocar uma TV, crie uma rodada de chopp de graça a cada gol do Brasil, afinal do jeito que anda a nossa seleção, não vai ter muito prejuízo. Mas, com certeza, vai ser um botequinho um pouco mais movimentado. Porque aproveitei esta história? Quantas vezes deixamos de aproveitar oportunidades porque estamos só embuídos de criticar, de "meter o pau", de ver o lado negativo. Perceba quanto você assiste ou escuta os outros criticarem ou falarem mal. Como é dificl alguém elogiar os outros ou as coisas da vida.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Patinação Artística

EU E A PATINAÇÃO, 14 ANOS NESTE ESPORTE



















Pára-quedismo

Eu em Boituva


Eu sobre Manaus. Olhem o encontro das águas ao fundo.
Minha mulher num salto duplo em Ubatuba...

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Engenheiro Power Point

Uma vez escutei este termo, Engenheiro Power Point. Em algumas empresas a preocupação em apresentar resultados é tanta que deixamos de nos preocupar com a ação. Ficamos fazendo apresentações para mostrarmos como estamos em relação aos objetivos, criamos planos de ações, discutimos slides e não temos tempo de agir. Ou esquecemos que a maioria das ações não se resolvem em um mês, levam um tempo de maturação que não acompanha as apresentações que visam mostrar os resultados. É óbvio que trabalhamos direcionados por objetivos e metas e devemos ter indicadores de desempenho que nos mostrem se estamos no caminho certo. É óbvio que precisamos mostrar e apresentar indicadores, responder pelos objetivos. Contudo, quando isto é mais importante, estamos fazendo com que o fim seja mais importante que os meios a serem usados. Estamos deixando de fazer, para mostrar o que não estamos conseguindo fazer. Cuidado.

sábado, 17 de setembro de 2011

Volta

Apesar de ter tantos textos publicados no meu blog, afinal adoro ensinar, trocar idéias, passar experiências, fazia um tempão que não publicava nada. É que entrei numa empresa que me absorve bastante. Que bom. Depois da minha paixão chamada Embraer encontrei uma empresa também do mesmo tipo, onde você pode ser útil, me sentir apreciado, reconhecido. Não é que em outras eu não tenha sentido isto. Na última, como gerente industrial, tive todo o apoio e amizade da diretoria toda e me abriram todas as portas para aplicar o que sabia e ajudei a mudar a empresa. É que nesta eu tenho isso e mais todos os benefícios de uma empresa de porte que valoriza o ser humano. O ambiente também é ótimo, sabemos que em todos os lugares da nossa vida encontraremos pessoas que, ao nosso ver, nos atrapalham, são do contra. Ao nosso ver, pois todos somos diferentes e devemos respeitar estas diferenças. Se somos líderes, nos cabe mudar estas pessoas ou lhes mostrar novas oportunidades. Parabéns a esta empresa que está entre as 100 melhores para se trabalhar. Tem melhorias a serem feitas, é claro, afinal sempre existem oportunidades e é nessas oportunidades que crescemos e fazemos crescer a nossa empresa.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Quanto valemos?

Algumas vezes eu já escutei, nem uma , nem duas vezes, algum profissional dizer que deveria estar um cargo melhor, que deveria ganhar mais, etc. porque estava com x milhões de R$ sob sua responsabilidade e o outro que não tinha esta responsabilidade estava melhor colocado. Será que então o motorista do caminhão de valores (carro forte) não deveria ter o salário melhor do mercado? Pensemos numa indústria aeronáutica. Quem vale mais? O projetista da aeronave, o almoxarife que vai guardar equipamentos caríssimos? O inspetor que vai garantir a qualidade e principalmente a vida daqueles que viajarão naquele produto de alto valor agregado? O gerente da Qualidade que vai com a sua visão sistêmica garantir a eficácia de todos os processos? Quem vale mais? Aquele que vende o produto de alto valor? se não vender o que alega ser responsável por altos valores não os terá. Aquele que trabalha esse produto? Por favor vamos cobrar melhor valorização do nosso trabalho pelas nossas competências. Se você acha que vale mais do que a organização lhe dá, ou saia ou use isso como uma oportunidade de revisar seus objetivos e o foco dentro da organização. Converse com o seu chefe e através do seu trabalho mostre o quanto pode fazer pela organização. Não rebaixe o seu colega de trabalho para ficar no seu nível. Antes disso suba o seu nível para ficar junto com o do seu colega.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Norma ISO e Sistema de Gestão da Qualidade

Conhecemos inúmeras ferramentas e processos para usarmos em Qualidade como Six Sigma, APQP/PPAP, WCM (World Class Manufacturing), WCL (World Class Logistics), Lean, etc. O que usar? Como aplicar com um objetivo focado no cliente? Como pensar preventivamente e não só reativamente? Por exemplo, hoje trabalho com o WCL onde existem vários pilares nos quais usamos diversas ferramentas da Qualidade como 5 porquês, Ishikawa (4 ou 6M), PDCA, matriz da qualidade, 5W2H, etc. Contudo já percebemos algumas deficiências. O pilar da Qualidade chama-se Quality Control Pillar. Ainda existem certas confusões entre garantia da qualidade e controle da qualidade. Esta última é focada no processo, no produto, em controlar os requisitos. A garantia envolve o sistema como um todo, envolve o uso de ferramentas para identificar causas, determinar ações corretivas, trabalhar com os processos como um sistema de fornecedores e clientes internos, enfim uma visão sistêmica. Logo o pilar Quality Control do WCM ou do WCL não é completo para a empresa. O mesmo para os outros processos como por exemplo o APQP/PPAP. Perfeito, envolve ferramentas avançadas para o planejamento do produto desde o projeto, protótipo, avaliação e validação de processos e produto tanto internamente como no fornecedor, etc. Contudo continuamos vendo a falta da visão sistêmica, de algo que direcione o foco da empresa para os “stakeholders” (interessados como acionistas, colaboradors, vizinhos, etc.).. O Six Sigma através do DMAIC (Define, Measure, Analyse, Improve e Control) é uma das mais perfeitas e mais próximas desse visão sistêmica que eu clamo como necessária para a organização. Usa bastante a estatística, ferramentas de análise de dados, etc. Contudo continuamos sem o guia único que direcione a empresa e verifique a eficácia em alcançar os objetivos macros, se o Sistema está no caminho certo. O que fazer? O que sempre venho recomendando é o conjunto de normas ISO. Temos a norma ISO 9001:2008 e dela surgiram adaptações mais rigorosas ainda, como a ISO 15100 da indústria aeroespacial, a ISO 16949 da indústria automobilística, etc. Estas normas possuem requisitos que se bem aplicados tornam a empresa muito mais eficaz e não apenas portadora de um certificado ISO pendurado na sua parede. Aplicando os requisitos junto com as ferramentas e processos citados, aí sim, teremos um Sistema de Gestão da Qualidade eficaz focado em melhoria contínua e controle. Vejam os requisitos das ISO e como neles podem ser inseridas todas as ferramentas e processos citados acima:

-Requisito 4: Sistema de Gestão da Qualidade (generalidades, documentação, registros);
-Requisito 5: Responsabilidade da Direção (comprometimento, política, foco no cliente, planejamento, responsabilidade e autoridade, comunicação, análise critica, etc.);
-Requisito 6: Gestão de Recursos (recursos, recursos humanos, competência, treinamento e conscientização, infra-estrutura, ambiente de trabalho);
-Requisito 7: Realização do produto (incluindo serviços) (requisitos relacionados ao produto (serviço, análise critica dos requisitos, comunicação com cliente, projeto e desenvolvimento, aquisição (incluindo seleção e avaliação de fornecedores), identificação e rastreabilidade, propriedade do cliente, preservação do produto, etc.);
-Requisito 8: Medição, análise e melhoria (monitoramento e medição do produto e dos processos, satisfação dos clientes, auditoria interna, melhoria contínua, ação corretiva e ação preventiva, etc.).

Independente se é usado o Six Sigma, o WCM, ou outro qualquer, se aplicando os requisitos da ISO, auditando a eficácia do Sistema, a empresa terá um conjunto de regras a serem seguidas e garantindo a eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade e com foco nos oito princípios da Qualidade (Foco no cliente, liderança, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, abordagem sistêmica para a gestão, melhoria contínua, abordagem factual para tomada de decisões e benefícios mútuos com os fornecedores). Vamos pensar em atender os requisitos da ISSO independente de quais ferramentas usamos e com foco nestes oito princípios e não no certificado ISO pendurado na parede. A certificação é consequência do bom trabalho e não do certificado. Temos empresas sem certificação ISO e alcançando todos os oito princípios e outras com Six Sigma, WCM, APQP/PPAP, contudo com o Sistema de Gestão da Qualidade não tão eficaz, portanto a empresa sendo menos competitiva.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Somos ou não insubstituíveis?

Várias vezes escutamos a frase de que ninguém é insubstituível e gostaria de discutir sobre isso. Já vi uma vez na Internet um texto que vai contra essa afirmação dando vários exemplos. O Einstein era substituível? O Papa João Paulo II? O Airton Sena? O Pelé? Para todos eles vieram outros, os quais continuaram o que eles faziam, mas nunca os substituíram. Todos nós somos únicos, carregamos toda uma herança genética dos nossos ancestrais, carregamos experiências únicas de vida e conseguimos conhecimentos únicos. Cada informação captada na vida é transformada em conhecimento comparando-se com outras informações e experiências que já tínhamos, logo, nós somos únicos em conhecimento, somos sim insubstituíveis. Cabe aos líderes, aos empresários, etc. entenderem isto e saberem valorizar essas pessoas que são insubstituíveis para a sua empresa, para o seu negócio. Quando um líder reconhece os pontos fortes do seu colaborador e os aproveita em benefício da organização, quando o líder reconhece os pontos fracos do seu colaborador e os trabalha para melhorar o indivíduo, estará aproveitando a experiência e conhecimentos desse indivíduo. Primeiro, definir as responsabilidades inerentes ao cargo desse indivíduo, em seguida dar a autoridade necessária para que o indivíduo possa agir em busca de resultados para essas responsabilidades. Quando o líder define claramente as responsabilidades e dá a autoridade ao seu colaborador está o motivando, tornando-o criativo e sem medo de errar, focado em resultados. Isto o faz crescer, tornar-se pro - ativo. O líder estará tornando o seu colaborador sim um indivíduo insubstituível para aquele cargo e naquele momento profissional. Claro que mudanças no mercado acontecem alterando os resultados necessários, as responsabilidades mudam e, portanto, mudam as autoridades. Isto não significa que necessariamente se substituirá o colaborador. Ele é insubstituível pela sua experiência, pelos seus conhecimentos, cabe ao líder o re-alocar, alterar as suas responsabilidades e autoridades, etc. Chega de vermos gerentes, diretores e não líderes, cobrando responsabilidades dos seus colaboradores, contudo ingerindo nos processos, desfazendo o que eles fazem, dando contra-ordens, etc. Isto desmotiva o profissional, o torna um robô sem criatividade, aquele colaborador que não agirá sempre pensando o que o gerente, diretor, irá desfazer. Esses colaboradores tornar-se-ão sim substituíveis como qualquer máquina já que se tornaram robôs e não indivíduos. O individuo é sim insubstituível, uma máquina não. Não transforme o seu colaborador numa máquina que pode se trocar fácil. Não esqueça que ao perder esse colaborador a sua organização está perdendo conhecimento, experiência, tornando-se menor no mercado. Eu sou insubstituível sim, sou único, sou o Filipe que aos 13 anos estava no meio de uma guerra civil, fui comecei a carreira profissional como “peão” batendo marreta, montando e desmontando motores, cheguei a gerente industrial, fui investigador de acidentes. Obtive com esse percurso conhecimentos que só eu possuo, por isso sou insubstituível. Não estou sendo “metido”, presunçoso, pelo contrário, sei ser humilde, apenas estou sendo realista, mostrando que Filipe só existe um. Você também, só existe você com os seus defeitos e qualidades e cabe a liderança reconhecer isto e olhar para você como um indivíduo com conhecimentos importantes para a organização e que deve ser valorizado como tal e não como um número que amanhã posso mandar embora e colocar outro. Toda a organização é feita de pessoas e não apenas de máquinas. Estas se podem trocar facilmente, é só ter dinheiro, o indivíduo com todo o conhecimento não se acha fácil apenas com dinheiro. Precisa-se motivá-lo, valorizá-lo, isto vale mais do que qualquer salário.

sábado, 7 de maio de 2011

Melhoria Contínua numa organização

Esta empresa já não precisa mais melhorar? Estamos no ápice? Na última auditoria fomos tão bem que não precisamos melhorar?
Não existe melhoria suficiente. A melhoria contínua está sempre na frente e a organização deve sempre buscar isto. Uma vez auditei uma empresa que na sua auditoria interna não havia detectado nenhuma não conformidade (alguns requisitos da norma ou da empresa não sendo atendidos). Isto já é uma não conformidade, não ter não conformidade é porque está perfeita e não precisa de melhoria contínua. As organizações devem estar sempre em melhoria contínua, afinal os requisitos dos clientes, do mercado estão sempre em constante renovação e o desafio é sempre melhorar os processos da organização e por tabela o sistema de gestão. Como numa auditoria percebemos isto? Basta ver os indicadores de desempenho dos processos ao longo do tempo. Aqueles que atingiram as metas, a diretoria deu novas metas mais desafiadoras buscando a melhoria contínua? Ou novos objetivos, metas e indicadores foram criados? Ou está tudo estagnado?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Disciplina militar

Estes dias uma colaboradora me pediu um conselho sobre a vontade do seu filho servir as forças armadas. Imediatamente lhe disse que era uma idéia que ela deveria incentivar. Desde que nascemos precisamos aprender a seguir ordens, a respeitar regras, a se sujeitar às hierarquias. Talvez a educação moderna focada em cuidados com a psicologia da criança, etc. é que tem ajudado a uma sociedade sem valores. A criança cresce vendo maus exemplos no seio familiar. Ela não aprende que na sociedade existem limites a serem respeitados, hierarquias a serem seguidas. Um jovem que entra nas forças armadas vai aprender a vida em equipe, vai entender como dependemos uns dos outros, que temos superiores em todos os estágios da vida pessoal e profissional aos quais devemos obedecer, vai aprender a enfrentar desafios, vai ser disciplinado para depois manter foco nos objetivos pessoais ou profissionais. E tudo isto é o que falta na nossa sociedade. Crescemos sem ter estes valores, não respeitando os outros, batendo em professores, perseguindo, humilhando, agredindo e até matando aqueles que são diferentes de nós. Aquele que passa pelo regime militar, se bem treinado, aprenderá a ter esses limites e não infringir ações que afetem a sociedade. Por isso eu falo que todos, sejam homens como mulheres, deveriam servir as forças armadas. Dali saem cidadãos formados para o bem da sociedade e não pessoas formadas pelas novelas da televisão, pelas gangues, etc. Até a falta de patriotismo, o amor à bandeira, à nação, reinantes neste país, podem melhorar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Critérios de contratação

Já quando atuava na aviação me irritava com a sopa de letrinhas ao se escrever. Também na área da qualidade de vê uma sopa enorme de letrinhas (APQP/PPAP, FMEA, 8D, MASP, QFD, etc.). Para quem é da área tudo bem, vai entender. O que questiono é nos anúncios de vagas as benditas sopas de letrinhas. Pior, se fossem siglas respectivas à área da vaga tudo bem, afinal o candidato deve sim conhecer o que é a sigla. Porém aparecem siglas características das ferramentas da empresa, não de origem da área como o exemplo da qualidade. Digamos que a empresa crie um processo chamado "Sistema de Busca das Causas de Problemas" e chame de SBCP. Pior coloca isso na descrição da vaga. Que absurdo. Já vi colaboradores do RH de empresas nem entenderem direito siglas normais da área da vaga, quanto mais de invenção da empresa. Os especialistas em RH ou Gestão de Pessoas não devem e nem têm condições de avaliar técnicamente o candidato e as empresas muitas vezes perdem ótimos funcionários porque a primeira peneira já é deficiente. Uma vez uma analista de RH tinha na descrição na vaga a necessidade de conhecimento em máquinas rotativas e perguntou ao candidato quais máquinas rotativas ele lidou e ao escutar sobre turbo-compressores perguntou se era uma máquina rotativa. Porque perguntar sobre o assunto técnico se nem conhece? Outra vez um professor do SENAI, altamente qualificado, não conseguiu uma vaga para manutenção da infraestrutura de uma grande indústria porque não tinha inglês fluente. Tudo bem que a empresa lidava com clientes dos EUA, mas a vaga era para manutenção da fábrica, da infra-estrutura, logo ele falaria inglês com as paredes, tubulações, utilidades? Perderam um enorme especialista porque a seleção era feita por pessoas e com critérios errados. Para as vagas deveriam haver requisitos básicos e critérios mais exigentes depois na fase de seleção junto á empresa.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Guanchi, cultura chinesa do relacionamento

Primeiro escutamos tanto sobre economia global, sobre imediatismo, consumismo, cultura do já. Parece que o mundo vai acabar em 2012 e precisamos fazer tudo, consumir, viver no “corre-corre”. Este é o caminho correto? Não temos mais tempo para planejar, pensar, desfrutar dos resultados, pois já precisamos começar outras coisas. Nem tempo temos mais para “lições aprendidas” com os nossos projetos. Vemos pressa em tudo, a Qualidade perde longe para o prazo, para o já. Porém quero mostrar o como estamos indo no caminho errado. Eu pergunto qual é a nação que mais cresce no mundo? A China. Qual a nação que está envolta em problemas e com negras perspectivas? Estados Unidos. Vejam bem a diferença. O país de cultura milenar, adepto da paciência e tornando-se a maior potência do mundo. O outro adepto do consumismo, imediatismo e com previsão de falência absoluta até 2030 se não houver toda uma redução de gastos públicos, segundo a oposição do governo atual. Na China existe uma palavra fundamental que resume a cultura de relações de confiança a ser conquistada nos negócios. É o Guanchi. Empresas, pessoas, precisam criar o guanchi e este é conquistado depois de muitos anos de relacionamento. Os empresários europeus e americanos, incluindo o Brasil, querem fechar um negócio no tipo toma lá e dá cá. Na China leva anos de visitas, reuniões, discussões aparentemente sem fim, pois se está formando o guanchi. Empresas já perderem negócios importantes porque não souberam cultivar o guanchi com os chineses. Leva anos e a nossa cultura imediatista não nos dá paciência para cultivar o guanchi. Os chineses querem com a sua paciência formar bases firmes e de confiança e crêem que isto se consegue com o tempo e o guanchi, relacionamento, só se consegue com paciência. Como nós com essa cultura de consumismo, de pressa, de “corre-corre”, poderíamos ter o guanchi? Outra coisa, os chineses fazem pensando no seu país, são extremamente nacionalistas. A nossa cultura global nos tira essa visão do nosso, pensamos muito no mundo, nas relações com os outros países, aprendemos como nos comportar diante de outras culturas e não defendemos o nosso, não somos patriotas. Os Estados Unidos até são é muito patriotas e nacionalistas, mas perdem por causa do imediatismo, do consumismo, da pressa. Agora, quem está certo? Os chineses ou nós? È só ver quem está se tornando a maior potência do planeta.
Não está na hora de pisarmos no freio? Não está na hora de planejarmos mais e com foco no nosso? De esperarmos terminar um projeto, desfrutá-lo, aprender com ele e só então corrermos atrás de outro? De fazermos melhor guanchi com as outras empresas e pessoas? Precisamos fazer negócios, tarefas, planejamentos, etc com visão de médio e longo prazo e não de curtíssimo prazo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Doutor Lula

Não tenho nada contra o presidente Lula. Contra o seu governo até tive algumas coisas contra, faz parte da democracia. O que me revoltou foi o título de doutor dado a ele pela Universidade de Coimbra. Uma das mais conceituadas universidades do mundo dá um título de doutor a uma pessoa que nem a um curso universitário ele chegou, apenas por ter sido presidente de um país. Que absurdo. Tantos profissionais estudam tanto, gastam fortunas e tempo para chegar a mestre e depois a doutor, defendem teses, contribuem para a ciência, educação, etc. e um político que nem estudou na vida vira doutor. Talvez compense eu deixar os meus diplomas de lado e me candidatar a político. Poderei virar doutor. Para onde vamos neste mundo doido?

quarta-feira, 30 de março de 2011

Escritor de procedimentos

Uma vez escutei de um chefe a seguinte frase; "Filipe vou arrumar com um amigo um emprego para ti no jornal, você gosta de escrever muito...". Isto porque eu havia criado mais um procedimento. Sempre fui contra muito papel e contra engessar processos, tanto que sempre que possível eu passo tudo para o meio eletrônico. Contudo a padronização é básica. Através de padrões documentados e, procedimentos são isso, nós mantemos todos os colaboradores num caminho só. Todo o conhecimento adquirido por uma empresa foi, é e será, via os seus funcionários. Como manter este conhecimento e não o perder quando perdermos estas pessoas? Quando escrevemos um procedimento e o fazendo em equipe, com pessoas de todos os processos envolvidos, estamos aglutinando essas experiências, o conhecimento de cada um e os colocando no papel, no procedimento, na folha de processos. Quando esse conhecimento se for embora com as pessoas continuará guardado ali, na empresa. Todos que seguirem o procedimento estarão fazendo as tarefas de igual maneira, quando erros acontecerem mais fácil ficará para identificar as causas, melhorias serão identificadas, mais fácil será se adicionar novos conhecimentos adquiridos se revisando aquele procedimento. Também para treinamentos. Quando um funcionário novo entrar na empresa e for treinado naquele procedimento estaremos passando todo um conhecimento e experiência adquiridos, compactados naquele procedimento. Se fazer procedimento, padronizar as coisas, passar conhecimentos, aliás, manter este conhecimento na empresa e não nas cabeças dos funcionários, é escrever demais, que ótimo adoro ser escritor. Estou fazendo a empresa, as pessoas, a sociedade serem melhors. Vamos colocar no papel o que fazemos ou fazermos o que está no papel e tudo será mais fácil. Não desperdicemos o conhecimento e experiência de tantos colocados num procedimento, numa norma. Tudo na vida segue regras. Temos governo, temos leis a serem respeitadas, temos sociedade com os seus padrões, porque a nossa empresa tem de ser subordinada a anarquia, a falta de regras, de procedimentos?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Qualidade ou Polícia

Ainda vemos muitos profissionais sem entender a real função da Qualidade. A maioria vê os profissionais da Qualidade como “chatos”, como policiais querendo encontrar o crime e culpar os criminosos. Várias vezes, ao iniciarmos uma auditoria, percebemos a resistência, a fuga dos auditados, com desculpas de emergências, saídas, etc. Mas, usando o termo indesejado, quais são os culpados por isto? Os próprios profissionais da Qualidade. Baixa em alguns o espírito de autoridade e se acham melhores do que os auditados. Eu mesmo tinha essa autoridade e a usava erradamente na área da aviação. Sentia-me o dono da razão e me orgulhava em escutar “lá vem o Filipe procurando coisa errada”. O medo dos outros me enchia de orgulho, mostrava que eu estava fazendo bem o meu serviço. Será?
Quando vamos auditar alguém, nós devemos mudar o espírito para ajudar. Estamos buscando ver o quanto o processo ou produto está bom e não o quanto ele está ruim. Buscamos conformidades, oportunidades de melhoria e não problemas. O auditado deve nos ver como assessores, como solução para muitos dos seus problemas de falhas, retrabalhos, prejuízos, certificação, etc. Quantas auditorias eu praticamente dou treinamento sobre a norma que está sendo auditada. Você perceberá que a Qualidade começará a ser procurada em vez de evitada. Várias vezes eu vejo profissionais da Qualidade chagando num processo e desenrolarem um rosário de reclamações, de não conformidades, mostrando que aquele processo está ruim. Sempre tenho falado que a Qualidade é um consultor dos outros processos, deve sim ver as coisas erradas, contudo saber passar isto de uma maneira que mostra querer ajudar e não policiar, buscar os “culpados”. Na área da aviação, numa investigação de acidentes, nunca falamos em culpa e sim em fatores que contribuíram para aquele evento. Na Qualidade também devemos agir assim, sermos consultores, assessores e não policiais buscando o culpado, o criminoso. Os profissionais da empresa vão se fechar e não vão contribuir em nada para a Qualidade, pior, eles irão mentir e esconder os problemas. Precisamos mostrar os problemas, mostrar o quanto isso compromete o cliente final, a empresa, o departamento e o profissional. O que se pode fazer e recomendações de melhoria são o resultado da Qualidade, afinal neste processo existem, ou devem existir, profissionais com uma visão do todo melhor do que qualquer um. A visão sistêmica é fundamental para o profissional da Qualidade visando com que ele mostre aos processos da empresa o quanto eles podem melhorar em benefício do todo. Escolham os assuntos e momentos certos, não mostrem que querem encontrar falhas e sim que querem ajudá-los, mostrar caminhos. Retirem o manto da sabedoria e da autoridade, mesmo que possam parar até um processo produtivo o façam mostrando humildade e que estão pensando no benefício do todo e não no da Qualidade. “Estamos fazendo o nosso”, está errado. “Estamos fazendo com que vocês melhorem e sejam mais eficientes e eficazes” é o certo. Na Qualidade não existe o meio conforme ou meio não conforme. Ou é ruim, ou não é. Não existe peça meio reprovada. Ou está reprovada ou aprovada, não existe meio termo. Como então não engessar o processo e ficar com a má fama de “chato”? Na sua postura de assessor e não de policial. Não levar só a não conformidade, levar também o porquê está condenando a peça ou o processo, onde está apoiada a sua decisão, o que isso pode afetar o produto final, o cliente final e a sua empresa. De preferência já levar recomendações de como fazer. Tudo com humildade, com o espírito de instrutor e não de inspetor.

sábado, 19 de março de 2011

O aproveitador oportunista

Sempre que algo ocorre de errado na sociedade vemos sempre um aproveitador lançando a primeira pedra se arvorando como o líder. Esse aproveitador pode fazer com que o grupo se transforme numa horda enfurecida provocando um linchamento, o comprometimento de um profissional, etc. Quando um diretor ou um gerente chama a atenção de um profissional diante de todos está dando a possibilidade do aproveitador oportunista aparecer. Ele adora que coisas erradas aconteçam para se mostrar e dar os seus palpites sempre a favor do diretor ou gerente e sempre contra o que está sendo acusado. Seria um ótimo advogado de acusação e não um profissional preocupado com a empresa e em ajudar a identificar o problema, mais ainda, não tem nem solução para o caso, quer é ver o circo pegar fogo e sair sempre como o “cara” que ajuda para caramba. Absurdo e o pior, os diretores, o gerente, ficam gostando dele, até acham que aquele cara ajuda muito a empresa, vê as coisas erradas. Esquecem que ver as coisas erradas todos vêm agora dar as soluções apenas alguns poucos o fazem. Esses sim devem ser valorizados. Já vi na minha experiência muitos aproveitadores se darem bem nas empresas jogando m... no ventilador e aproveitando as falhas dos outros para se engrandecerem e os diretores e gerentes entram na deles. Vejam um exemplo publicado no Globo on-line sobre a escola de base de Brasília onde alguns aproveitadores oportunistas (jornalistas, delegado de polícia, alguém do povo, etc.), vendo a notícia, logo quiseram se aproveitar e devido a eles até a escola foi apedrejada. No fim os acusados eram inocentes.

Em março de 1994, vários órgãos da imprensa publicaram uma série reportagens sobre seis pessoas que estariam envolvidas no abuso sexual de crianças, todas alunas da Escola Base, localizada no bairro da Aclimação, na capital. Os seis acusados eram os donos da escola Ichshiro Shimada e Maria Aparecida Shimada; os funcionários deles...
De acordo com as denúncias apresentadas pelos pais, M..., que trabalhava como perueiro da escola, levava as crianças, no período de aula, para a casa de N..., onde os abusos eram cometidos e filmados. O delegado E..., sem verificar a veracidade das denúncias e com base em laudos preliminares, divulgou as informações à imprensa.
A divulgação do caso levou à depredação e saque da escola. Os donos da escola chegaram a ser presos. No entanto, o inquérito policial foi arquivado por falta de provas. Não havia qualquer indício de que a denúncia tivesse fundamento.

Escrevo este texto como alerta aqueles diretores ou gerentes que querem ser líderes e não apenas chefes. Primeiro, quando quiserem chamar a atenção um subordinado ou uma equipe o façam com todo o direito e autoridade que têm, mas o façam em uma sala fechada e depois de se acalmarem, levantando fatos e dados. Cortem o aproveitador oportunista, ele vai logo se arvorar o certo, aquele que pode ajudar dando mais “porrada”. Ele não está preocupado com a empresa e sim em aparecer, se alimentar do erro dos outros para dizer que está querendo ajudar a empresa. Ele quer é se ajudar e não a empresa. Já vi aproveitadores oportunistas virarem chefes até dentro do departamento da Qualidade, um verdadeiro absurdo. O cara vê sempre as coisas erradas. Ele não vê não, ele busca para poder crescer com isso e não preocupado com a empresa. Se fosse assim dava propostas de soluções.
Para o bem da empresa, da comunidade, isolem os aproveitadores oportunistas e eles definharam ou procurarão outro local para se alimentar e a empresa ou comunidade ficará mais limpa. Como fazer isso?
1-Mesmo com razão, pare, reflita, procure dados, conte até 10, mesmo estando irritado e depois parta para a reclamação;
2-Chame o profissional, a equipe envolvida, o suspeito, seja o que for, aquele alvo da sua irritação anterior e o leve para local apropriado, não no meio de todos. Este é o erro mais grave que existe. Você dá a chance total ao aproveitador oportunista de crescer, um clima entre todos é criado, o ambiente fica pesado e compromete o rendimento de todos, inclusive daqueles que não têm nada a ver com o assunto em questão. Se quiser usar os erros como exemplo primeiro fale com os envolvidos, reclame, etc. e só depois comunique a todos o que ocorreu já com a versão de todos os lados e muito mais calmo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Povo Dormente

Vemos mais uma vez nós como palhaços. Empresas no RS em barganhas e negociatas envolvendo licitações públicas para radares. A alguns meses vimos os nossos senadores e deputados aumentarem os seus salários sem discussão alguma, sem questionamento algum em mais de 50 % de aumento. Isto gerando aumento em cascata para vereadores e deputados de todos os estados. Depois vimos uma discussão interminável e até chantagens entre situação e oposição para dar um aumento ridículo no salário mínimo. Isto porque provocaria uma falência da Previdência se fosse dado aumento maior. Até quando seremos feitos de palhaços e não arrancamos os narizes vermelhos e partimos para as ruas? Não falo só do povo, falo também dos empresários que ainda pensam em administrar as suas empresas num país que tem a maior carga de impostos e até pensa em trazer de volta a CPMF. O que mais me entristece é a dormência deste povo. Vemos como um simples muçulmano que teve os seus direitos desrespeitados e pegou fogo ao corpo em protesto desencadeando uma reação em cadeia que derrubou já vários governos. Vimos a força do povo egípcio que enfrentou o governo e o derrubou. Imaginem o povo brasileiro em peso protestando na rua contra os políticos, exigindo mudanças na política, na estrutura partidária, na retirada de todos os políticos corruptos e sua expulsão do congresso e das câmaras. Ninguém deteria este país. Pena não sermos patriotas como os egípcios...Pena.

sábado, 12 de março de 2011

Qualidade e Custos

Durante anos e anos se discute a Qualidade, se discutem inúmeras ferramentas, se discutem inúmeras etapas da Qualidade e sempre estamos buscando melhorias. Primeiro precisamos ter a visão da Qualidade como um todo, como ela é formada ou vem sendo formada. Na figura 1 percebemos que começamos com a base, a inspeção. Nesta fase apenas nos dedicamos a identificar erros, não conformidades com os requisitos das normas, dos produtos, etc. Está ou não está com problemas, está conforme ou não conforme, apenas isto.
Depois começamos a entrar no controle da Qualidade pensando em usar a estatística para verificar tendências, medimos o desempenho dos processos buscando novas metas, melhoria contínua, definindo padrões para os processos.
Quando a empresa está num nível maior na área da Qualidade já começa a pensar em garantia da Qualidade. Aqui buscamos identificar as causas dos problemas, a solução dos mesmos atacando estas causas, medimos os custos da não Qualidade e da Qualidade, começamos a ter uma visão sistêmica, a Qualidade em cada processo e como um sistema planejado e controlado.
Finalmente alcançamos a Administração da Qualidade Total, em inglês, Total Quality Management, TQM. Nesta fase os funcionários todos fazem parte da Qualidade e não só o departamento da Qualidade. Todos começam a se ver como fornecedores e clientes internos, identificando os requisitos dos seus clientes internos, necessitando trabalhar em equipe em prol dos objetivos da empresa oriundos de uma estratégia que leva em conta ameaças e oportunidades externas à empresa, pontos fortes e fracos internos à empresa.





Figura 1: Sistema de Gestão da Qualidade

A aplicação das fases e ferramentas da Qualidade deve levar em conta o quando devem ser implantadas. As empresas que só focam a inspeção estão atacando apenas os erros e, conforme observado na figura 2, os custos derivados desses erros já serão enormes. Com o produto já aplicado no mercado, pior ainda. Além dos custos teremos a insatisfação do cliente. Comparando com a Qualidade já implantada na fase de projeto de um produto a redução dos custos da Qualidade é enorme, de 10000 para 10. Se a empresa já pensar em Qualidade desde o conceito do produto, consultando os clientes, etc. a redução será maior ainda nos custos decorrentes da Não Qualidade.




Figura 2: Fases de aplicação da Qualidade e seus custos

Quando uma empresa pensa em qualidade como um todo, como um sistema administrativo usando todos os itens mostrados na figura 1, com certeza a sua sustentabilidade no mercado será muito maior. Antigamente os custos envolvidos na Qualidade e na Não Qualidade eram aproximadamente como na figura 3 abaixo. O custo de falhas provocadas por erros e falta de qualidade caía com o tempo e com o investimento na qualidade. Quanto mais se investia, mas redução de custos por erros nós tínhamos. Acontecia que a partir do valor ótimo de esforço por mais que se gastasse com qualidade o custo de erros não baixava mais. O ser humano erra, faz parte dele e se a administração da empresa não levar em conta os processos, não pensar em administração da qualidade total, este gráfico vai ser assim mesmo.
Mesmo investindo em qualidade vai chegar um ponto que o custo total da empresa vai continuar sempre aumentando independente dos investimentos em qualidade. As empresas precisam pensar em todas as fases mostradas na figura 1.



Figura 3: Custos versus esforço da qualidade no modelo sem administração da qualidade total.

Quando as empresas começam a ter a visão de administração da qualidade total começaram a perceber que o investimento em qualidade estabiliza e o ponto de valor ótimo de esforço na qualidade vai para o infinito. O sistema da qualidade começa a se sustentar e a empresa não terá mais o custo total crescendo com o investimento feito em qualidade. Isto pode ser observado pela figura 4 abaixo. O custo de erros ou falhas passa a ser custo de prevenção e avaliação. Muda até a visão do processo.




Figura 4: Custos versus esforço da qualidade com administração da qualidade total.

Carlos Filipe dos Santos Lagarinhos
Auditor líder, Eng. Ind. Mecânico

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Liderar pessoas

Quando somos lideres ou apenas gestores? Gosto muito de trabalhar em cima da teoria de Maslow que mostra a nossa vida em diversas fases. Dependendo da fase que estamos os nossos interesses diferentes. Também quando estamos numa fase da vida sempre queremos almejar uma fase acima conforme mostra a figura abaixo, Pirâmide de Maslow. A tendência é ao longo da nossa vida profissional nós galgarmos cada degrau dessa pirâmide sempre buscando a auto-realização. Claro que podemos estar com a auto-estima bem alta, mas com alguma dívida que nos faz voltar ao degrau da Segurança. E se não temos lazer, preocupados apenas em buscar a auto-realização, nós estaremos comprometendo a base da pirâmide, o lado fisiológico. Ou seja, nós estamos sempre em busca do topo, contudo sempre vagando pelos outros degraus da pirâmide. Onde entra a liderança? O bom líder sabe identificar em qual degrau está cada um dos seus liderados. Se o profissional se sente estável, se gosta da sua remuneração, o líder deve começar a pensar em como levá-lo para o patamar seguinte. Se o profissional é respeitado, se interage bem com todos, cabe promovê-lo, dar novas responsabilidades. O que não pode é o líder ser um pai, interferir diretamente no trabalho do profissional. Independente do degrau da pirâmide que estiver o seu liderado, o mesmo deve ter a autoridade cabível para agir e poder responder pela responsabilidade cobrada. Várias vezes vemos profissionais sendo cobrados por resultados, mas quando vão agir são cortados nas suas ações e mandados fazer e outro jeito. Não se dá a autoridade para os mesmos fazerem. Devemos cobrar dos mesmos os resultados, contudo fazê-los criarem, deixá-los buscar as soluções, se sentirem com a auto-estima em alta para se sentirem auto-realizados. A pior coisa para uma organização é ter um monte de robôs humanos pensando apenas em receber o seu salário no fim do mês, ou seja, preocupados apenas com no máximo o degrau da Segurança. Para a sobrevivência e crescimento da empresa há a necessidade de um quadro profissional criativo, que busque o topo da pirâmide e arraste a empresa nesse caminho. O bom líder sabe fazer isso, ele assessora, ensina, mostra os caminhos e não faz pelos seus liderados, faz com que eles façam por ele e pela empresa. Faz eles se sentirem úteis, auto-realizados, criaram algo e fazeram a empresa crescer mais um pouco.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Planejamento

Planejamento se divide em duas partes:

-A primeira é criarmos objetivos, metas para esses objetivos e indicadores para nos mostrarem se estamos nos desviando do caminho pre-determinado para chegarmos aos nossos objetivos;

-A segunda parte é identificarmos os riscos que poderemos encontrar. Aqueles que pudermos eliminar fazê-lo imediatamente, aqueles que não pudermos, vamos mitigá-los e criarmos ações preventivas como resposta caso esses riscos apareçam no nosso caminho para os nossos objetivos.

Hoje com a cultura do atropelo, do "apaga incêndios, não fazemos nenhuma das duas partes e por isso a "bagunça", os constantes "recall" de produtos, desperdícios em retrabalhos, etc.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Pequena história de descumprimento das normas

Era uma vez uma empresa que gostava de satisfazer os seus clientes. Esses clientes na sua maioria eram sempre apressados. Os seus processos eram críticos, precisavam ter todos os equipamentos funcionando e quando acontecia uma anormalidade eles queriam e precisavam de manutenção urgente. Podiam ser clientes donos de empresa aérea onde seus aviões não podiam ficar parados com os passageiros reclamando de atrasos, podiam ser donos de navios que, parados no porto, pagavam altas taxas de estadia. Podiam ser clientes de uma unidade industrial a qual poderia levar horas e dias para voltar a operar se tivesse uma parada, podiam ser clientes de uma plataforma de petróleo que iria ter de queimar em seus “flares” toneladas de gás num prejuízo imenso para a empresa, etc. É claro que a nossa empresa, personagem desta história, gostava de dizer sim sempre aos seus clientes. Ganhava da concorrência sempre pelo atendimento imediato e num prazo extremamente imediato. Mas por diversas vezes o seu cliente ficava insatisfeito, até bravo, devido à quantidade de retrabalhos e problemas nos seus equipamentos. O que acontecia?
Todos entendem o que é padronização de processos? Todos entendem o porquê das normas e seus requisitos? Digamos que um dos clientes teve problema num dos seus produtos e que necessitava uma soldagem. As normas dizem que o processo de soldagem deve ser qualificado, o soldador deve ser qualificado, devem existir documentações mostrando como deve ser a soldagem, etc. Mas a nossa empresa personagem desta história, na imensa vontade de atender a urgência do seu cliente achou que bastava enviar um dos seus soldadores que tudo estava resolvido. Esqueceu-se de seguir as normas. Havia necessidade de um pré-aquecimento e um pós-aquecimento na região da solda? Que tipo de consumível (material a ser adicionado na soldagem) deveria ser usado? Quais cuidados em relação à limpeza? Mas para que perder tempo com procedimentos, normas? Isto é parte de gente burocrática que engessa as coisas. Como dizer a um cliente desesperado que não podemos atendê-lo imediatamente porque falta um documento, um papel? Ou porque o soldador só pode ser aquele qualificado e que ainda vai ter de viajar para a indústria do cliente? Não basta contratar um lá na cidade do cliente? Se o profissional é soldador, basta mandar ele para lá e satisfazemos o cliente com a rapidez e prontidão em atenda-lo. De repente esta cultura de não atender as normas e requisitos dá a sua resposta. O equipamento reparado pela empresa, personagem desta história, começa a dar problemas de vazamento, a unidade para com prejuízos enormes e há a necessidade de novo reparo. Mesmo que seja um reparo menor, mesmo que a nossa empresa vá rapidamente corrigir o problema, o mal foi feito. A insatisfação do cliente será muito maior, ninguém gosta de retrabalho, fora que a esperança de um problema resolvido sendo destruída cria uma insatisfação muito maior. A imagem da empresa com certeza será comprometida enormemente. Mostrará falta de eficácia nos seus serviços. Mostrará falta de qualidade nas suas tarefas e mostrará falta de competência dos seus profissionais. Criará uma imagem de “gambiarreiro”. O que fazer para reduzir estes problemas?
Toda e qualquer norma, procedimentos ou requisitos derivam de “lições aprendidas” por falhas, avarias, acidentes, prejuízos, etc. Toda a experiência adquirida com esses problemas, na identificação das causas, em testes realizados, em inúmeras experiências feitas por profissionais altamente qualificados é transformada em requisitos e vão para as normas para que todos sigam esses aprendizados e não se repitam os problemas. Quem somos nós profissionais da empresa personagem desta história para dizer que aquilo que o inspetor da qualidade está dizendo é besteira, que o profissional só quer engessar as coisas, burocratizar os processos? São anos de aprendizado, anos de pesquisa, anos de testes e ensaios, profissionais do mundo inteiro unidos, como na elaboração da norma ISO 9001:2008 que envolveu mais de 20 países para nos dizerem o que fazer e, nós, querendo agradar o cliente, dizemos que sim à sua urgência sem lhe mostrar que há a necessidade de certo planejamento, de atender a certos requisitos. O cliente não entende as normas, não as conhece e, por isso, a nossa empresa personagem desta história deve demonstrar ao cliente todas as necessidades, tempos mínimos, opções, riscos para o seu equipamento, para o seu processo, etc. Se ele quiser fazer do jeito errado deve-se evidenciar isto e não assumir fazer a coisa errada sem o cliente saber quais os problemas decorrentes. A posição de não se respeitar as normas deve partir do cliente e não da empresa personagem da nossa história. Ele tem o direito de fazer errado, o custo X benefício é dele, não é responsabilidade da empresa personagem desta história tomar esta decisão para agradar um cliente que, depois do problema surgir, não mais ficará satisfeito. Aliás, a insatisfação de ver todo um trabalho jogado fora será muito maior do que a insatisfação inicial de ver um inicio de atendimento mais demorado. Preferível o cliente ficar bravo no início e depois ver o seu equipamento funcionando redondinho do que você atendê-lo imediatamente e depois a sua unidade ser comprometida após o serviço. Urgência não significa fazer de qualquer jeito. A norma, a regulamentação, os requisitos, nunca devem ser menosprezados independente da urgência. Ou se criam mais recursos para um atendimento imediato, ou se explica ao cliente que haverá uma demora inicial em planejamento, em qualificação, em documentação, etc., mas que é para se fazer direito e ele ter uma garantia maior de funcionamento. Já diz o ditado; “a pressa é inimiga de perfeição” e a perfeição é a maior aliada da qualidade e da imagem de empresa padrão.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O poder do poder

Quantas vezes nos deparamos com pessoas com poder, mas que não o sabem usar. Isto tanto no profissional como no pessoal. Aquele parente que conseguiu, muitas vezes até mesmo pelo seu reconhecido esforço, crescer na vida, ficou poderoso e começa a aplicar esse poder. Pior, se é empresário, começa a misturar a sua aplicação de poder profissional no ambiente familiar. Começa a tratar os seus familiares como funcionários da sua empresa. Isto sem contar que nem sobre os seus funcionários ele está aplicando corretamente o seu poder. Na família, quando não é respeitado este poder, essa pessoa não pode demitir o seu familiar, mas pode começar a tratar com desprezo, um velado assédio moral, a fazer de conta que o familiar não passa de um nada. Dá ordens como um funcionário para que seja obedecido e se o familiar não obedece ocorre a briga. No plano profissional trata os seus funcionários como peças, máquinas da sua empresa. Essa pessoa trata a todos como suas marionetes, fáceis de comandar. Basta, na sua empresa, ameaçar o emprego, ser ditador e, na sua família, usar o dinheiro, o poder, para corromper os familiares diante das suas necessidades. Uma verdadeira moral e chantagem financeira. O poder pode ser aplicado desta maneira, até funciona, mas por um tempo. O detentor deste tipo de poder mal aplicado começa a ser odiado, a ser um solitário, vivendo só ele e o seu poder. No plano familiar percebemos este detentor de poder brigando com todos da sua família, sem exceção. No plano profissional percebemos este detentor do poder odiado e respeitado apenas pela força. A grande diferença entre um líder e um simples gerente ou empresário é justamente a aplicação do poder da sua posição. O líder sabe primeiro identificar as necessidades e expectativas dos seus pares profissionais ou familiares. Sabe identificar os seus pontos fortes e fracos e lidar com eles. Tratar as pessoas como parceiras e não subordinadas. A sua equipe e sua família são um conjunto de pessoas e não de máquinas ou móveis que esse detentor do poder pode empurrar daqui para lá e de lá para cá. Se ele souber tratar essas pessoas como pessoas elas o seguirão e nem precisará levantar a voz. O poder não se impõe, se conquista. A essa pessoa é dada uma responsabilidade pela vida ou pela profissão e será cobrada pelos resultados dessa responsabilidade de acordo com a autoridade que ela usou, se foi como simples aplicação de poder ou uma verdadeira liderança. Essa pessoa prefere ter cordeirinhos obedientes ou prefere ter ao seu lado pastores que conduzam a sua família ou a sua empresa? Quem vai ganhar com o poder bem aplicado é essa pessoa. Vemos vários casos de assédio moral de patrões em cima de funcionários, assédio moral de pessoas que usam os seus familiares em benefício próprio, como criados e enquanto esse poder não for mais bem aplicado, continuaremos vendo poderosos solitários, ricos, com tudo e sem nada.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Definição Clara de Responsabilidade

No mundo globalizado atual existem muitas interfaces entre empresas, países, entidades regulamentadoras, etc. Como definir responsabilidades envolvendo a ética, a legislação de cada país e de cada empresa e seus requisitos?
Em todas as empresas que participei sempre reforcei a necessidade de processos bem definidos e cada um deles com o seu gestor, o seu dono. Desta maneira cada processo tem um responsável que, com a devida autoridade cedida pelos superiores, responderá pelo seu processo. Bem definidas as saídas desse processo, definidos os objetivos principais do processo, as metas e com os indicadores, o gestor do processo o controlará. Alguns poderão questionar como cobrar a responsabilidade de alguém que gerencia um processo se também lutamos para que a visão sistêmica seja priorizada. Mesmo entendendo a importância de vermos os processos como um todo e não perdermos a visão de conjunto, as responsabilidades individuais devem ser claramente definidas e a diretoria ter a responsabilidade do sistema da empresa. Cito o exemplo de um acidente aeronáutico. Como investigador que fui precisava levantar todas as causas raízes do acidente para evitar reincidência. Foco em prevenção do sistema. Emitir recomendações com a visão do todo. Contudo, em paralelo, a justiça busca responsáveis. E o que se identifica em todos os acidentes são diversos responsáveis pelo evento final. A empresa aérea que não treinou as suas tripulações, a infra-estrutura aeroportuária que permitiu o acidente, a autoridade aeronáutica que não fiscalizou a oficina, etc. Cada um na sua responsabilidade e na importância definida dentro do acidente vai ser cobrado juridicamente.
Outro exemplo é na pesquisa científica. Esta envolve criticamente a ética. Quando pesquisamos novos medicamentos, novas tecnologias, etc. quem será responsável? O cientista que descobriu a nova tecnologia ou aquele que vai usar a mesma devidamente ou indevidamente? Nos Estados Unidos houve uma pessoa que quis secar o gato no forno microondas e matou a animal. Em seguida processou o fabricante com a alegação que não sabia dos riscos. Agora o fabricante coloca avisos no produto para retirar a responsabilidade em nova ocorrência.
A tendência de olharmos com a visão sistêmica provoca a generalização da responsabilidade e dilui a mesma. Isto provoca a globalização da irresponsabilidade. Isto não é problema meu, eu não sou responsável por isso, etc.
O que fazer?
Primeiro, definir processos e os seus gestores, depois determinar os objetivos do processo, metas a serem alcançadas e indicadores de desempenho que indiquem se as metas serão alcançadas. Em seguida definir responsabilidades de cada cargo do processo. Por fim definir as autoridades da cada um. Se o profissional não tiver autoridade, não poderemos cobrar do mesmo a responsabilidade. Lembrando que autoridade se pode delegar, a responsabilidade não, impossível se delegar responsabilidade.
Por vezes sinto a vontade de entrar no processo e fazer pelo gestor que não está fazendo. Contudo isto tira a autoridade do mesmo, o torna vegetal, perde a criatividade e a sensação de que deve ser o dono do seu processo. O que eu devo fazer é cobrar do mesmo o alcance dos objetivos do seu processo, esta é a responsabilidade dele. A minha responsabilidade é ensinar, assessorar, dar recursos e autoridade, mostrar os caminhos e cobrar os objetivos. Se tudo isto não adiantar aí sim devo trocar o gestor, afinal é a minha responsabilidade o todo, o sistema.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cultura do atropelo

Completando o texto anterior e reforçando a necessidade de mudarmos...

Quando focamos nossas atividades, nossos objetivos sejam eles particulares ou na nossa empresa, nós costumamos seguir o ambiente, a cultura da sociedade. Hoje temos um mundo globalizado com uma cultura baseada no “fast” (rápido) e no “Do It now” (faça isso agora). Tudo é na pressa, no atropelo, nada é planejado e, pior, quando temos problemas, sempre dizemos que não temos tempo para estudar o que ocorreu. Vamos lá consertamos e continuamos no atropelo. Um produto é criado ás pressas sempre com o foco de se lançar o mesmo antes do concorrente. O que temos percebido, por exemplo, em várias marcas de carros? Escutamos várias vezes a frase “não é bom comprar modelo novo, deixemos passar um tempo para ver se não vai dar problema...”. Desde o projeto, ensaios, fabricação, lançamento, etc. tudo com a cultura do “fast” do lançar primeiro. Depois vemos inúmeros “recalls” das marcas devido a problemas no novo carro. Que tal começarmos a pensar numa cultura “slow” (devagar). “Slow food” para melhor digestão, “slow work” para maior planejamento do que nós fazemos. Não seria muito mais interessante para a montadora perder do concorrente na data de lançar o modelo novo, contudo lançar um modelo com uma imagem muito melhor, sem problemas, com uma garantia maior do seu produto? Um produto sustentável no mercado e não aquele que saiu primeiro?
O ser humano é por natureza um curioso. Não se satisfaz apenas com o conhecimento, com apenas obter a informação da realidade. Ele quer criar relações entre aquela informação com as que ele já possui na sua mente. Quer comparar, analisar e, essa é a fonte do conhecimento. Por isso o conhecimento é único, individual. Sem essa curiosidade do ser humano, sem a sua insatisfação com as verdades que explicam os fenômenos/eventos, não haveria conhecimento. O conjunto de todos os conhecimentos de todos nós é que forma o saber de uma sociedade. Com a cultura do “fast”, da globalização de hoje, do consumismo, do “apaga incêndios”, onde fica essa curiosidade, essa inquietação do ser humano? Não estamos tendo tempo de pensar, pesquisar, planejar, criar. Para fazermos ciência precisamos observar. Através da observação conhecemos e compreendemos a natureza, os fenômenos/eventos, os outros seres. Se não temos tempo de observar como teremos a ciência, como teremos tempo para comparar as informações e gerarmos novos conhecimentos. E se o saber é a soma de todos os conhecimentos da sociedade, como teremos uma sociedade com saber? Nas nossas empresas, quando temos um problema, uma não conformidade de um produto ou processo, o que fazemos? Mais uma vez a pressa não nos deixa pensar, identificar a causa, criar ações corretivas baseadas em fatos e dados derivados de uma investigação. Partimos para arrumar o problema e, com certeza, ele voltará, afinal não tivemos tempo para identificar a causa. Apagamos o fogo sem identificar a fonte do mesmo.
Fazemos projetos de novos produtos sem a área da engenharia se reunir com todos os processos e discutir o novo produto. Os prazos dos fornecedores atenderão? Existem fornecedores qualificados no mercado? A produção tem a sua linha preparada? Existem ferramentas adequadas? O laboratório para os ensaios do protótipo está livre? Foram levantados os riscos tanto do projeto como dos processos de produção? Levantamos históricos de outros produtos semelhantes para reduzirmos os problemas nesse novo projeto, ou seja, temos registros de “lessons learned”, aprendemos com os erros ou nem tempo temos para vermos os erros e aprendermos com eles?
Quando falamos em ciência lembramos que a principal meta dela é a compreensão da realidade e depois dominarmos essa realidade em favor do ser humano. Como a ciência está interligada aos fatores políticos e sociais do nosso contexto e este é da cultura do “fast”, do atropelo, como compreenderemos a realidade se não temos tempo. Precisamos atingir prazos, vencer o concorrente pela pressa e não pela qualidade. E como dominarmos a nossa realidade para a melhoria da humanidade se nós não temos tempo de observar, de pesquisar? Para que o conhecimento possa ser criado há a necessidade do sujeito, aquele que pesquisa, que pensa, que analisa, que registra o que aprendeu. Este sujeito de hoje não tem mais tempo para pensar, de analisar, pesquisar. O que deveria ser pesquisado que são os fenômenos/eventos e seres que nos rodeiam ficam aí sem serem modificados a nosso favor, pelo contrário, ou não servem para nada ou são destruídos no nosso atropelo pelo consumismo, pelo global. Por fim, o conhecimento tem o terceiro elemento que é o registro, a representação dada pelo sujeito aos fenômenos/eventos. Não temos tempo nem de observar, pesquisar, quanto mais registrar. E assim não temos conhecimento que deveria transformar a realidade em nosso benefício. Talvez isto explique a falta de novos Eisteins, Isaac Newtons, Fleming, etc. Ou explique o materialismo vivido hoje, o imediatismo, tantas pessoas sem objetivos e dominadas pelo errado. Que tal acabar com o atropelo e aprender com cada minuto vivido, seja ele bom ou ruim? Pesquisemos a nós mesmos e busquemos mudar a realidade do que nos cerca para melhor vivermos. Não esqueçam que a evolução da humanidade foi feita devido a curiosidade nossa em pesquisar a realidade, modificá-la e com a modificação obter novas realidades e novos desafios. Hoje estamos nos tornando robôs sem termos tempo de pensar, de pesquisar a nossa realidade. De crescermos com ela.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Pressa inimiga de perfeição

Data e hora: 15-08-2007 00:38
autor: MAURICIO
topic: Brasileiro na Volvo- Suecia.
mensagens:
Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa:

Já vai para 16 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca.

Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.

Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a
idéia seja brilhante e simples. É regra.

Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos,
australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.

Os suecos discutem, discutem, fazem 'n' reuniões, ponderações. e trabalham num esquema bem mais 'slow down'. O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:
'Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final.' Ele me respondeu simples assim: 'É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha? '.

Olha a minha cara! Ainda bem que levei esta logo na primeira. Deu para rever bastante os meus conceitos dali para frente . . .
Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food.

A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site é muito interessante. Veja-o!). O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, 'curtindo' seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.

A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele
representa como estilo de vida em que o americano endeusificou.

A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição européia.
A base de tudo está no questionamento da 'pressa' e da 'loucura' gerada pela globalização, pelo apelo à 'quantidade do ter' em contraposição à qualidade de vida ou à 'qualidade do ser'.

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses.

E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.

Essa chamada 'slow atitude' está chamando a atenção até dos
americanos,apologistas do 'Fast' (rápido) e do 'Do it now' (faça já).

Portanto, essa 'atitude sem-pressa' não significa fazer menos, nem ter menor produtividade.

Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais 'qualidade' e 'produtividade' com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos 'stress'.

Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do 'local', presente e concreto em contraposição ao 'global' - indefinido e anônimo.

Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.

Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais 'leve' e, portanto, mais produtivos onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso...


Creio não precisar eu escrever mais nada. Quando o Brasil aprenderá que a pressa é inimiga de perfeição?