sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Definição Clara de Responsabilidade

No mundo globalizado atual existem muitas interfaces entre empresas, países, entidades regulamentadoras, etc. Como definir responsabilidades envolvendo a ética, a legislação de cada país e de cada empresa e seus requisitos?
Em todas as empresas que participei sempre reforcei a necessidade de processos bem definidos e cada um deles com o seu gestor, o seu dono. Desta maneira cada processo tem um responsável que, com a devida autoridade cedida pelos superiores, responderá pelo seu processo. Bem definidas as saídas desse processo, definidos os objetivos principais do processo, as metas e com os indicadores, o gestor do processo o controlará. Alguns poderão questionar como cobrar a responsabilidade de alguém que gerencia um processo se também lutamos para que a visão sistêmica seja priorizada. Mesmo entendendo a importância de vermos os processos como um todo e não perdermos a visão de conjunto, as responsabilidades individuais devem ser claramente definidas e a diretoria ter a responsabilidade do sistema da empresa. Cito o exemplo de um acidente aeronáutico. Como investigador que fui precisava levantar todas as causas raízes do acidente para evitar reincidência. Foco em prevenção do sistema. Emitir recomendações com a visão do todo. Contudo, em paralelo, a justiça busca responsáveis. E o que se identifica em todos os acidentes são diversos responsáveis pelo evento final. A empresa aérea que não treinou as suas tripulações, a infra-estrutura aeroportuária que permitiu o acidente, a autoridade aeronáutica que não fiscalizou a oficina, etc. Cada um na sua responsabilidade e na importância definida dentro do acidente vai ser cobrado juridicamente.
Outro exemplo é na pesquisa científica. Esta envolve criticamente a ética. Quando pesquisamos novos medicamentos, novas tecnologias, etc. quem será responsável? O cientista que descobriu a nova tecnologia ou aquele que vai usar a mesma devidamente ou indevidamente? Nos Estados Unidos houve uma pessoa que quis secar o gato no forno microondas e matou a animal. Em seguida processou o fabricante com a alegação que não sabia dos riscos. Agora o fabricante coloca avisos no produto para retirar a responsabilidade em nova ocorrência.
A tendência de olharmos com a visão sistêmica provoca a generalização da responsabilidade e dilui a mesma. Isto provoca a globalização da irresponsabilidade. Isto não é problema meu, eu não sou responsável por isso, etc.
O que fazer?
Primeiro, definir processos e os seus gestores, depois determinar os objetivos do processo, metas a serem alcançadas e indicadores de desempenho que indiquem se as metas serão alcançadas. Em seguida definir responsabilidades de cada cargo do processo. Por fim definir as autoridades da cada um. Se o profissional não tiver autoridade, não poderemos cobrar do mesmo a responsabilidade. Lembrando que autoridade se pode delegar, a responsabilidade não, impossível se delegar responsabilidade.
Por vezes sinto a vontade de entrar no processo e fazer pelo gestor que não está fazendo. Contudo isto tira a autoridade do mesmo, o torna vegetal, perde a criatividade e a sensação de que deve ser o dono do seu processo. O que eu devo fazer é cobrar do mesmo o alcance dos objetivos do seu processo, esta é a responsabilidade dele. A minha responsabilidade é ensinar, assessorar, dar recursos e autoridade, mostrar os caminhos e cobrar os objetivos. Se tudo isto não adiantar aí sim devo trocar o gestor, afinal é a minha responsabilidade o todo, o sistema.

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