sexta-feira, 10 de outubro de 2014
A Qualidade reconhecida devidamente
Costumamos escutar
nas empresas que o foco deve ser no cliente. A sustentabilidade da empresa
depende disso. Mas continuamos vendo em algumas empresas o foco sendo
desvirtuado pela necessidade de redução de custos, pela busca de rentabilidade
sem pensar nas consequências que uma busca desenfreada por isso pode causar,
justamente ao cliente. Quem conhece do assunto qualidade sabe que esta é uma
área que deve estar sempre sintonizada com os objetivos da organização em relação
aos requisitos não só dos clientes como dos outros “stakeholders”. Todas as
decisões tomadas pela alta direção da organização devem ser de conhecimento da
área da qualidade para poder emitir recomendações e identificar riscos e ações
mitigadoras para que todos os “stakeholders” não sejam afetados, incluindo o
principal “stakeholder”, o cliente. Inclusive na nova ISO 9001:2015 esse foco
em análise de riscos quanto à estratégia da empresa é um dos focos na revisão. Quando
auditamos uma empresa e percebemos que no seu organograma a área da qualidade
não tem uma posição importante, nem que seja como assessora ou consultora, nós
já ficamos receosos. Com certeza ali decisões são tomadas sem levar em conta os
riscos e a satisfação do cliente. Vemos reuniões atrás de reuniões com tomadas
de decisões estratégicas e sem o envolvimento da área da qualidade. Se a
empresa for certificada ISO deverá, inclusive, fazer uma análise critica
periódica com a alta direção e passará a ser apenas para constar como evidência
para a auditoria, afinal as decisões realmente foram tomadas sem o devido
envolvimento daqueles que representam o cliente, aqueles que têm visão
sistêmica, aqueles que buscam a melhoria contínua. Em algumas empresas a área
da qualidade está junto ao presidente no organograma, não com autoridade sobre
os outros processos, mas com voz ativa dentro das decisões estratégicas. Pena
continuarmos vendo algumas empresas ainda considerando a área da qualidade como
controle de qualidade, inspecionar peças e não como garantia da qualidade,
pensar sistemicamente. Vemos áreas de qualidades subordinadas aos processos
operacionais, ou seja, a ovelha sendo comandada pelo lobo, tendo de fazer tudo
o que o lobo quer. Vemos processos serem envolvidos em reuniões, decisões, etc.
onde a qualidade não é. Depois, a qualidade vai ter de abrir uma não
conformidade, se necessário, para esses processos com que autoridade? Pior, a
própria alta direção vai cobrar pela qualidade não lhe dando a atenção que
deveria para que os outros processos também reconheçam a sua responsabilidade
com a organização e não só com a inspeção de peças. Qualidade só com
responsabilidade e sem autoridade não funciona em lugar algum. Vira apenas um
processo de parede como o certificado ISO mal usado.
sexta-feira, 3 de outubro de 2014
Meritocracia
As
empresas eficientes e não apenas eficazes usam na sua maioria a meritocracia
para premiar e obter maiores resultados dos seus colaboradores. Quanto mais
eficaz o seu colaborador for, atingindo os objetivos acertados e
compromissados, mais a empresa crescerá e ele poderá ser premiado por isso. O
problema é quando a ferramenta é usada erradamente desmotivando a todos. Isto
quebra com certeza a motivação que a ferramenta gera quando bem aplicada.
Digamos que a empresa, anualmente, faça junto com os seus colaboradores o uso
deste conceito.
Cada
funcionário se compromete com a empresa gerando um plano de objetivos com metas
a serem alcançadas e mostra ao seu superior hierárquico para alinharem esses
objetivos com o do seu chefe e da empresa. Assim estará construída uma rede de
objetivos interligados e com cada um sabendo que, senão atingir as metas
compromissadas, os objetivos não serão alcançados e ele, colaborador, não será
devidamente premiado com uma parte dos lucros conquistados. Isto é a
meritocracia, receber uma parte do que foi ganho pela empresa de acordo com o
que você colaborou para esse ganho. Altamente motivante para o colaborador
buscar concluir o que prometeu para que seja devidamente reembolsado com lucros
da empresa. Por isto este princípio é ótimo para tornar empresas, inclusive
estatais e governamentais, mais eficazes e eficientes.
O
que percebemos? Em algumas empresas as medições dos resultados alcançados
possuem critérios que podem levar ao fracasso. Digamos que você, como líder
tenha negociado os objetivos do ano com os seus colaboradores. Depois do
período você deve fazer a avaliação dos resultados e dar o “feed back” aos
mesmos. Explica o que eles devem melhorar, onde foram penalizados, etc. Cada um
deles vai, no novo período e com novos objetivos, se esforçar para aplicar
aquilo que aprendeu pensando que vai melhorar e conseguir maior participação.
Então
a empresa cria critérios de quantidade de colaboradores ótimos, bons,
regulares, ruins, etc. e você, como líder, se vê obrigado a fazer alterações
nas medições para atender o critério de quantidade de pessoas, como se o seu
processo não pudesse ser formado por muitos colaboradores ótimos, por exemplo.
Isto mostraria inclusive uma liderança boa desde a escolha dos colaboradores na
contratação até ao desenvolvimento de suas competências. Não, você deverá
regular a régua inclusive comparando os seus com outros processos. Na hora de
fazer o novo “feed back” como explicar aos seus colaboradores que o esforço
deles não adiantou nada? Mesmo tendo atingido os objetivos eles não foram tão
bem, em outros quesitos da avaliação? Quais, como passar isto no “feed back”?
Contudo
também o ser humano não é perfeito e você pode estar colocando toda a sua
equipe num nível alto de reconhecimento e depois não terá mais margem para a
melhoria contínua da sua equipe. É complicado liderar. O líder deve trabalhar
bem as informações e não prejudicar demais a motivação de um colaborador tendo
de seguir os quesitos da empresa. Lembramos que o ser humano pode ir rapidamente
da motivação ao desânimo se não for devidamente reconhecido.
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