terça-feira, 18 de agosto de 2009

Tenho suspeitas de que pessoas na aviação estão passando informações incorretas sobre mim para consultas de vagas de emprego. Envio um texto abaixo que enviei para um fórum onde sou moderador. Na aviação já sofri assédio moral, fui roubado, etc. e ainda sou "queimado" no mercado. Vejam que eu assumo as minhas falhas também, mas que sempre tento ensinar, mostrar como a aviação precisa melhorar muito, ser menos amadora, menos panela de amigos não preocupados com os objetivos da empresa e sem conhecimentos de gestão que existem numa indústria.

Gostaria de aproveitar a discussão sobre prevenção dos acidentes e passar um pouco da minha experiência. Como todos sabem, eu tenho grande experiência na indústria, leiam-se aqui empresas que não são da aviação. Tentei implantar alguns conceitos de lá na aviação. Na indústria existem princípios e necessidades de sobrevivência que fazem os diretores e gestores terem uma outra maneira de olhar a prevenção. Pensa-se muito em qualidade, em atender os clientes senão fechamos a empresa, pensa-se em desperdícios, em produtividade dos processos, em usar as ferramentas e normas para melhorar a empresa e ela ser mais competitiva. Vejamos agora na aviação. As empresas são poucas, quase um monopólio, os clientes são inúmeros que não têm nem como reclamar (neste caso os passageiros, aliás começou a ser aplicado o tribunal de pequenas causas nos aeroportos para ajudar esses clientes e não se ouviu mais nada). Nas empresas (aéreas, oficinas, etc.), não existem profissionais com essa visão administrativa e de gestão como nas empresas fora da aviação. Não é culpa de ninguém, foi o como a aviação se moldou nestes anos todos. Por isso quando aparece uma Azul da vida, quando aparece uma ameaça de se abrir o mercado para empresas estrangeiras, o monopólio existente estremece nas bases. O que eu tentei fazer foi justamente mostrar essa nova visão empresarial dentro da aviação. Um absurdo, gestores nem conhecerem o que é um processo, nem saberem quais são os seus clientes internos e externos e quais as suas necessidades. Quando a Embraer desenhou a nova linha 170 foi escutar os seus clientes (empresas operadoras e clientes finais, passageiros) e por isso uma aeronave tão querida. Na Embraer eles pensam em Produção enxuta, em produtividade, em novas ferramentas, etc., ou seja, têm uma visão um pouco maior do que o monopólio da aviação. Está longe do ideal? Sim, existem problemas de hierarquia, turma de formados no mesmo ano fazendo as panelas, profissionais antigos sem visão, falta de plano de carreira para engenheiros, etc. Lá eu tive problemas até muito por minha culpa que não soube seguir os caminhos mais políticos, mais diplomáticos. Além de estar subordinado a um gestor muito técnico, mas sem saber liderar, sem saber lidar com pessoas, eu também não soube trabalhar com isso e fui prejudicado. Esqueci que na aviação não é assim como na indústria, onde podemos cobrar os gestores pelas suas responsabilidades. Na indústria sempre fui reconhecido e na aviação sempre fui prejudicado. Não culpo ninguém, eu é que não soube como aplicar esses conceitos que poderiam tornar a aviação muito mais profissional, menos amadora e menos familiar e de amizades com menor importância do que os objetivos da empresa. Quero recomendar que continuem lutando pela Prevenção, pela Qualidade, só assim que vocês farão a aviação ser um orgulho como é a Embraer (tem os seus problemas? Têm, todas as empresa, todos os profissionais têm, mas quando existe profissionalismo, ética, tudo fica mais fácil). Sejam mais diplomáticos, como o meu gestor na última empresa me disse “vamos comer pelas bordas até que aos poucos conseguimos aplicar esses conceitos, essas ferramentas”. O problema é que eu perdi o ânimo com a aviação e o que posso fazer é mostrar o que eu errei para que vocês consigam fazer o correto. Não esqueçam, depois que o acidente ocorrer não temos mais prevenção e sim ações corretivas para que não haja reincidência. O correto é se evitar o acidente e a Prevenção se faz com as suas ferramentas, entre as quais vocês mesmos que deveriam levantar perigos no dia a dia, identificar os riscos e criar medidas preventivas. Isso eu sempre fiz no dia a dia alertando, só que o fiz de maneira muito contundente e esqueci que na aviação os egos são muito inflados, não podemos parecer que estamos apontando ninguém e sim riscos para a empresa, para o $.

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